9 de fevereiro de 2015

Topsy-Turvy



(O Cinéfilo Preguiçoso agradece ao inventor do DVD o rasgo de génio que permitiu a tantos cinéfilos desfrutarem do cinema em casa nos fins-de-semana frios de Inverno.) Ao contrário do que acontece no recente Mr Turner (2014), em Topsy-Turvy (1999) Mike Leigh explora o processo colectivo de criação (neste caso, a ópera The Mikado de Gilbert e Sullivan, estreada em 1885) em vez do esforço de um único indivíduo. Fazendo lembrar obras como La Nuit Américaine (François Truffaut, 1973) ou State and Main (David Mamet, 2000), o filme desloca o seu foco de personagem para personagem ao sabor dos caprichos e conflitos entre estas. Além das componentes técnicas (óscares para guarda-roupa e maquilhagem), previsivelmente irrepreensíveis, Topsy-Turvy vale em grande medida pela maneira como gere o fluxo de diálogos, ensaios, choques de personalidades e números musicais, deixando sempre espaço para momentos de revelação de dimensões e profundidades inesperadas das personagens.