Não
surpreende, depois de se ver The Outsiders/Os Marginais (1983), que Francis
Coppola se tenha referido a Rumble Fish (1983), o filme que rodou
imediatamente a seguir (e também baseado num romance de S. E. Hinton), como «my
carrot for what I promised myself when I finished The Outsiders». O tema e o cenário são essencialmente os
mesmos: a vida numa pequena cidade americana, a rivalidade entre gangues, o
mosaico de ilusões e dramas que daí fatalmente resultam. Contudo, o registo
visual arrojado e a estilização deliberadamente levada ao extremo de Rumble
Fish contrastam com o naturalismo adimensional de The Outsiders, com uma
dose apreciável de esquematismo sentimental e com um simbolismo algo fraco. As
excepções são as cenas esplendorosamente filmadas por Stephen H. Burum em que
Ponyboy (C. Thomas Howell) e Johnny (Ralph Macchio) se escondem numa igreja
abandonada e se entregam aos gestos simples da sobrevivência e da passagem do
tempo, fazendo lembrar Sissy Spacek e Martin Sheen no seu éden provisório em Badlands (1973), de Terrence Malick.