Se por
acaso nos acontecesse ver o filme Enquanto Somos Jovens (2014) sem sabermos quem era
o realizador, não seria muito difícil adivinhar o nome: Noah Baumbach (n. 1969).
Esta facilidade de identificação deve-se a certos traços distintivos dos filmes
deste realizador, como a atenção ao espaço urbano e a exploração exaustiva de
alguns temas: o fracasso, o problema da autenticidade e as dificuldades da
autopromoção. Outra característica importante do cinema de Baumbach é o talento
para explorar as dimensões mais negativas e mesquinhas das personagens sem
deixar que isso afecte a compaixão com que as filma. Em Enquanto Somos Jovens
encontramos explicitamente todas estas questões, girando em torno do contraste entre a
meia-idade e a juventude. Este contraste é encenado através da relação entre os
dois casais principais, interpretados magistralmente por Ben Stiller e Naomi
Watts, do lado da meia-idade, e por Adam Driver e Amanda Seyfried do lado da
juventude – os mais velhos com uma existência quase virtual, os mais novos
ostentando um interesse por actividades práticas e artesanais que às vezes não
passa de pose. Do ponto de vista da distribuição, este filme tem sido tratado
como um produto mais mainstream do que a restante obra do realizador, mas só se
pode dizer que este é o seu filme mais comercial porque a obra de Baumbach,
permanecendo sempre fiel a si mesma, já atingiu um estatuto em que ela própria
dita as regras do que pode interessar ao grande público. Um espectador da
geração de Baumbach revê-se imediatamente nos gestos, nos hábitos, nos
conflitos e nas preocupações das suas personagens; os restantes dificilmente
deixarão de empatizar com o que há de universal e eterno no medo de envelhecer
e na procura da felicidade e do equilíbrio.