22 de junho de 2015

The Royal Tenenbaums




The Royal Tenenbaums (2001, visto pelo Cinéfilo Preguiçoso em DVD em dia de grande canícula) foi a terceira longa-metragem realizada por Wes Anderson. O estilo deste autor estava já perfeitamente consolidado: planos cuidados até ao mínimo pormenor visual, humor melancolicamente absurdo, espaços geográficos alheios a qualquer lugar real, mas dotados de uma intensa coerência interna, personagens caracterizadas essencialmente por aquilo que têm de excêntrico. O filme conta a história da família Tenenbaum, cujos filhos, criados para serem prodígios, entram em crise e perdem o rumo quando chegam à idade adulta. Tal como nas restantes obras de Anderson, os momentos mais conseguidos deste filme desconcertante mas sedutor (ao seu modo muito próprio) são aqueles em que as personagens desafiam a sua caracterização tipificada e ousam assumir-se como pessoas, carentes de sentido ou simplesmente de carinho: falamos, por exemplo, da tentativa do patriarca (Gene Hackman, excelente como sempre) de se reconciliar com a família ou da aproximação entre Margot (Gwyneth Paltrow) e o irmão adoptivo (Luke Wilson).  Em retrospectiva, é curioso reconhecer pequenos detalhes que antecipam temas e ideias explorados mais tarde pelo realizador, como a peça cujas personagens são todas animais (Moonrise Kingdom, 2012) ou o ambiente de hotel grandioso e decadente (The Grand Budapest Hotel, 2014).