Uma vez
que a estreia em Portugal do último filme de François Ozon, Une Nouvelle Amie, tem vindo a ser
repetidamente adiada – enésimo exemplo da falta de respeito que certos
distribuidores demonstram pelos espectadores –, o Cinéfilo Preguiçoso decidiu
rever 5 x 2 (2004) e não esqueceu a
devida vénia à boa alma que inventou o DVD. Ozon é um cineasta hiperactivo e
ecléctico cujo apetite por temas controversos lhe trouxe alguma fama de
irreverente e até revolucionário. Contudo, a sua filiação remete-nos para o
melodrama e para a Nouvelle Vague, e a sua abordagem e registo são
essencialmente clássicos e muito devedores do cinema de género (thriller, musical). 5 x 2 pode ser descrito como o retrato de um casamento frágil. O
facto de o filme ser narrado ao arrepio da sequência cronológica dos eventos
nada acrescenta ou retira aos méritos ou impacto do filme, mas tem a vantagem
de anular, logo à partida, qualquer interrogação sobre o desfecho, permitindo
ao espectador concentrar-se nas personagens e no enredo – que, diga-se em abono
da verdade, não requer grande dose de perspicácia. Se exceptuarmos Valeria
Bruni-Tedeschi, excelente como sempre, o que fica de 5 x 2 é a história banal de uma mulher e de um homem que se unem,
têm um filho e se separam sem que qualquer razão evidente o justifique. Talvez
Ozon pretendesse precisamente erigir essa arbitrariedade em tema principal, mas
o resultado final fica claramente aquém de Swimming
Pool, Sous le Sable, Jeune & Jolie ou Dans la Maison.