Visto no
IndieLisboa, o filme Golden Exits,
de Alex Ross Perry (2017), conta com um elenco impressionante, incluindo como
protagonistas Emily Browning e Adam Horovitz (mais conhecido como antigo membro
dos Beastie Boys), além de Chloë Sevigny, Marie-Louise Parker e Jason
Schwartzman, em papéis secundários importantes. É um filme sobre uma família de
duas irmãs marcadas por uma figura paterna importante, cuja presença se faz
sentir mesmo depois de morrer. O marido de uma delas é um arquivista contratado
para organizar o espólio do sogro. A força motriz do filme é a chegada a Nova
Iorque de uma rapariga australiana, seleccionada para trabalhar como assistente
estagiária do arquivista, e que ajuda a colocar em perspectiva a vida das
outras personagens. Golden Exits tem algumas
características interessantes e outras maçadoras. O mais interessante é a
abordagem à actividade arquivística – a cave onde os arquivistas trabalham, as
suas rotinas e conversas profissionais, os seus gestos – e o modo como o tópico
se articula com as dificuldades que todas as personagens sentem em arquivar
alguns acontecimentos das próprias vidas. O menos interessante é tratar-se de mais
um filme com personagens em crise de meia-idade debatendo-se com dificuldades
de relacionamento afectivo e interpessoal. A incapacidade que estas revelam de
reagir aos problemas de primeiro mundo em que se afundam é explorada por meio
de abundantes close-ups e diálogos
pesados e literários. Golden Exits
lembra um pouco o filme Interiors, de
Woody Allen (1978), mas tem menos subtileza e mais artificialidade. Tal como Listen Up Philip (2014), é um filme com
um só tom, mas enquanto a terceira longa-metragem deste realizador tem
personagens mais combativas e aguerridas, a quinta desenrola-se numa atmosfera
de melancolia introspectiva, raramente equilibrada por qualquer assomo de ironia
ou sentido de humor, o que se torna exasperante em certos momentos.