A preguiça e a falta de propostas tentadoras em cartaz coligaram-se para, mais uma vez, fazer do cinema em casa uma alternativa irrecusável. “L’Amour Est Un Crime Parfait” (2013), dos irmãos Arnaud e Jean-Marie Larrieu, confirma a apetência desta parelha de realizadores e argumentistas pela subversão discreta dos códigos cinematográficos clássicos. O ambiente de “thriller” permeia este enredo tortuoso onde intervêm um professor de literatura (Mathieu Amalric), a irmã com quem vive uma relação mais do que ambígua, uma aluna apostada em seduzi-lo e a madrasta de uma outra aluna em cujo desaparecimento ele terá tido um papel activo (embora nunca se perceba ao certo qual). Ao deixar deliberadamente o espectador na dúvida sobre a natureza real dos actos da personagem principal (dúvida partilhada pelo próprio, aliás), os Larrieu oferecem um objecto cinematográfico ocasionalmente fascinante, mas demasiado amiúde reduzido à missão de exibir um mecanismo ficcional em roda livre, sem substância e sem personagens capazes de existirem para além do estrito (ainda que intenso) cumprimento da sua função no enredo.
16 de março de 2015
L’Amour Est Un Crime Parfait
A preguiça e a falta de propostas tentadoras em cartaz coligaram-se para, mais uma vez, fazer do cinema em casa uma alternativa irrecusável. “L’Amour Est Un Crime Parfait” (2013), dos irmãos Arnaud e Jean-Marie Larrieu, confirma a apetência desta parelha de realizadores e argumentistas pela subversão discreta dos códigos cinematográficos clássicos. O ambiente de “thriller” permeia este enredo tortuoso onde intervêm um professor de literatura (Mathieu Amalric), a irmã com quem vive uma relação mais do que ambígua, uma aluna apostada em seduzi-lo e a madrasta de uma outra aluna em cujo desaparecimento ele terá tido um papel activo (embora nunca se perceba ao certo qual). Ao deixar deliberadamente o espectador na dúvida sobre a natureza real dos actos da personagem principal (dúvida partilhada pelo próprio, aliás), os Larrieu oferecem um objecto cinematográfico ocasionalmente fascinante, mas demasiado amiúde reduzido à missão de exibir um mecanismo ficcional em roda livre, sem substância e sem personagens capazes de existirem para além do estrito (ainda que intenso) cumprimento da sua função no enredo.