Waking
Life é um filme de 2001, realizado e escrito por Richard Linklater, cuja
característica mais distintiva é o uso da técnica de animação por rotoscópio,
com base em imagens de actores de carne e osso. Esta técnica, que aliás viria
ser novamente usada por Linklater em A Scanner Darkly (2006), confere ao
filme uma natureza visualmente ambígua que se adequa aos temas explorados. O
protagonista anónimo sofre um atropelamento que o projecta para uma sucessão de
sonhos encastrados uns nos outros. Nesses sonhos, é o destinatário mais ou
menos passivo das conversas e dos depoimentos de numerosas personagens (mas
também personalidades da vida real, como o realizador Steven Soderbergh e o
filósofo Louis H. Mackey) com quem se cruza ou que vê na televisão. É quando se
leva menos a sério que o filme funciona melhor: como um desfile deliberadamente
desconexo de achados visuais e conceptuais e de especulações sobre temas como o
sonho, o livre-arbítrio e o papel do indivíduo na sociedade, temas, aliás, que
Linklater aborda noutros filmes. Falta dizer que este filme foi visto em DVD,
enquanto se espera por boas novas no panorama de estreias.