O filme Wiener-Dog (Todd Solondz, 2016), visto
pelo Cinéfilo Preguiçoso em DVD, difere muito pouco de outras obras do
realizador que estrearam em Portugal, como Felicidade
(1998) ou Conta-me Histórias (2001).
Tal como estes dois filmes, assenta em narrativas autónomas que se vão
sucedendo, com personagens diferentes. Em Wiener-Dog
o ponto comum das diferentes histórias é um cão da raça dachshund ou teckel,
conhecido também como cão-salsicha, que vai transitando de dono para dono e de desastre
em desastre. (Saliente-se, de passagem, que não é um filme aconselhável para
amantes de cães.) Das quatro histórias, a única que revela verdadeiro
investimento narrativo e um mínimo de compaixão e empatia pelas personagens é
protagonizada pelo excelente Danny DeVito, no papel de um guionista falhado que
trabalha como professor de guionismo. Todas as outras se limitam a mostrar
pequenos incidentes e diálogos desinspirados retirados de vidas banais. Nem
sequer Greta Gerwig, que o Cinéfilo Preguiçoso há muito admira, consegue salvar
a história insípida onde intervém. Tal como Felicidade
e Conta-me Histórias, Wiener-Dog é um filme sobre personagens
inadaptadas, cruéis, estúpidas, passivas ou criminosas e partilha os mesmos
problemas destes dois filmes: a falta de complexidade e o carácter
unidimensional. Como nada nem ninguém escapa à mediocridade e à falta de
significado na obra de Todd Solondz, a dada altura o espectador começa a
interrogar-se sobre a pertinência não só do filme mas também das horas que
desperdiçou a vê-lo quando podia estar a fazer coisas mais proveitosas. Filmes
sobre personagens com vidas desinteressantes podem ser interessantes? Não se o
realizador estiver sempre sempre a bater nessa tecla, por incapacidade de fazer
coisas mais subtis.