5 de fevereiro de 2017

Wiener-Dog


O filme Wiener-Dog (Todd Solondz, 2016), visto pelo Cinéfilo Preguiçoso em DVD, difere muito pouco de outras obras do realizador que estrearam em Portugal, como Felicidade (1998) ou Conta-me Histórias (2001). Tal como estes dois filmes, assenta em narrativas autónomas que se vão sucedendo, com personagens diferentes. Em Wiener-Dog o ponto comum das diferentes histórias é um cão da raça dachshund ou teckel, conhecido também como cão-salsicha, que vai transitando de dono para dono e de desastre em desastre. (Saliente-se, de passagem, que não é um filme aconselhável para amantes de cães.) Das quatro histórias, a única que revela verdadeiro investimento narrativo e um mínimo de compaixão e empatia pelas personagens é protagonizada pelo excelente Danny DeVito, no papel de um guionista falhado que trabalha como professor de guionismo. Todas as outras se limitam a mostrar pequenos incidentes e diálogos desinspirados retirados de vidas banais. Nem sequer Greta Gerwig, que o Cinéfilo Preguiçoso há muito admira, consegue salvar a história insípida onde intervém. Tal como Felicidade e Conta-me Histórias, Wiener-Dog é um filme sobre personagens inadaptadas, cruéis, estúpidas, passivas ou criminosas e partilha os mesmos problemas destes dois filmes: a falta de complexidade e o carácter unidimensional. Como nada nem ninguém escapa à mediocridade e à falta de significado na obra de Todd Solondz, a dada altura o espectador começa a interrogar-se sobre a pertinência não só do filme mas também das horas que desperdiçou a vê-lo quando podia estar a fazer coisas mais proveitosas. Filmes sobre personagens com vidas desinteressantes podem ser interessantes? Não se o realizador estiver sempre sempre a bater nessa tecla, por incapacidade de fazer coisas mais subtis.