Embora
esteja bem ciente de que o mundo em que vive é um mundo injusto, o Cinéfilo
Preguiçoso não pôde evitar o espanto ao constatar que Sono de Inverno (2014), de Nuri Bilge Ceylan, ganhou a Palma de
Ouro no Festival de Cannes, ao passo que o infinitamente mais rico e complexo Era Uma Vez na Anatólia (2011) se ficou
pelo Grande Prémio do Júri. Não é na duração (mais de três horas) nem no ritmo
lentíssimo, coisas que não assustam o Cinéfilo Preguiçoso, que residem os
problemas de Sono de Inverno; os
aspectos mais irritantes são a insistência em sondar as profundezas
psicológicas de personagens sem densidade e a ambição falhada de emular Bergman
nas cenas de discussão do casal. O número surpreendente de pessoas que
aguardavam no Nimas para assistir à sessão das 17h00 num sábado de chuva sugere
que esta opinião é minoritária e que a obra de Ceylan está a fazer furor nos
meios cinéfilos, nas redes sociais e noutros locais onde se faz e desfaz a
sorte de um filme.