O tema de Mr. Turner (2014), realizado por Mike Leigh, é menos a pulsão criadora e o génio do
que um homem (por acaso genial) e a sociedade em que este se movia, neste
caso a Londres da primeira metade do século XIX. A reconstituição histórica é
excelente, a direcção artística é notável, os diálogos são fluidos, o humor é
abundante. O principal mérito do filme, no entanto, é retratar um Joseph
Turner imensamente humano, complexo e singular, mas ao mesmo tempo tão fruto da
sua época e do seu meio como qualquer outro dos seus contemporâneos. Os méritos de
Timothy Spall no papel principal já foram devidamente elogiados, mas não seria
decente deixar de chamar a atenção para os desempenhos de Marion Bailey, Paul
Jesson e Martin Savage. Fortemente recomendado.