Em O Jogo da Imitação (Morten Tyldum,
2014), o contexto parece invadir o filme e expulsar tudo o resto. A segunda
guerra mundial, as leis contra a homossexualidade e a batalha contra o tempo
para decifrar as mensagens criptografadas do estado-maior nazi deixam pouco
espaço para o desenvolvimento da singularíssima personagem de Alan Turing.
Consegue salvar-se, vá lá saber-se como, a interpretação de Benedict
Cumberbatch que, apesar de ter de representar uma personalidade semelhante à de
Sherlock Holmes, consegue compor uma personagem que se distingue. Em Debaixo
da Pele (Jonathan Glazer, 2013, visto pelo Cinéfilo Preguiçoso em DVD), pelo
contrário, a ausência absoluta de contexto é parte do contrato que o realizador
tenta estabelecer com o espectador, com ou sem sucesso. Ninguém sabe de onde
vem Laura (Scarlett Johansson), ou o que a leva a interpelar e seduzir homens solitários nas terras frias da Escócia.
Nem parece importante sabê-lo.