O
Cinéfilo Preguiçoso tinha visto no Verão passado os filmes Last Days of Disco
(1998) e Damsels in Distress (2011) de
Whit Stillman. No IndieLisboa deste ano, a retrospectiva dedicada a este
realizador norte-americano criou a oportunidade de ver os seus outros dois
filmes: Metropolitan (1990) e Barcelona (1994). Presente no início de cada
sessão, Stillman mostrou ser quase idêntico às personagens dos seus próprios
argumentos: falando e pensando depressa, com um sentido de humor algo retorcido
e nem sempre imediatamente agradável. Enquanto Barcelona, mais ambicioso, se
dispersa um pouco em enredos secundários, Metropolitan revela uma densidade e
coesão impressionantes. Este filme gira em torno de um grupo de amigos em
transição para a idade adulta. Os elementos deste grupo gostam de se
caracterizar pela pertença à UHB (urban haute bourgeoisie) e também de pensar
que por isso estão condenados ao fracasso. Neste filme, o mais interessante,
além do actor Chris Eigeman (igualmente presente e também brilhante em
Barcelona), são os diálogos abundantes em que as personagens se autodescrevem
mal sem saber que se estão a enganar a si próprias e umas às outras. Ao
contrário, porém, do que se verifica em Last Days of Disco, também sobre um
grupo de amigos em transição, mas em que a protagonista representada por Chloë
Sevigny percebe quem é através das distinções que identifica entre si e os
outros, em Metropolitan as personagens chegam a uma espécie de reconciliação
com o passado quando percebem que são mais parecidas umas com as outras do que
inicialmente imaginavam.