O Cinéfilo Preguiçoso está interessado em ver todos os filmes de Jonás Trueba. Depois de Têm de Vir Vê-la (2022), foi a vez de Os Exilados Românticos (2015, disponível em DVD), outro filme breve e cheio de leveza sobre um grupo de amigos. De acordo com o próprio realizador, é uma espécie de filme-canção, que nasceu quando a cantora Miren Iza, que também desempenha um papel importante no filme, lhe pediu um videoclip para uma canção dos Tulsa, a banda de que é vocalista. Na altura, Trueba tentou esquivar-se, mas mais tarde acabou por fazer um filme inteiro com banda sonora composta pela banda, acompanhando três amigos no limiar da idade adulta que decidem fazer uma viagem de carrinha nas férias de Verão. Com um ritmo descontraído, o guião é fluido e foi desenvolvido ao longo da própria viagem (de quatro mil quilómetros, percorridos em doze dias) em que as filmagens se realizaram, com paragens em Toulouse, Paris e Annecy. Cada amigo tem um reencontro com uma mulher com quem já teve uma ligação amorosa. Em dois encontros, a ligação é retomada; noutro, não. Ao longo deste percurso, em concertos e não só, vão-se cruzando com a personagem da cantora, quase como se fossem criados e manipulados por ela, ou indissociáveis dela. Trueba diz que gosta de mostrar as personagens a ouvir música não só porque é uma actividade comum na vida das pessoas, mas também porque é uma porta de entrada sem palavras e sem actos para a vida interior delas. Como em Têm de Vir Vê-la, as personagens falam sobre livros não só para comentarem as suas próprias vidas, mas também para viverem e tomarem decisões. O título do filme é inspirado pelo volume The Romantic Exiles (1949), de E. H. Carr, um ensaio sobre Alexander Herzen, um escritor russo do século XIX, e o seu círculo de amigos – e o exílio é o tema da tese que um dos protagonistas tarda em terminar, assim como as personagens com que os três amigos se cruzam falam línguas diferentes e vivem longe do sítio onde nasceram. O livro mais discutido neste filme é o excelente volume de ensaios As Pequenas Virtudes, de Natalia Ginzburg. Jonás Trueba faz filmes sobre esse tema tão simples e tão complicado que é a vida. O motor principal da viagem dos protagonistas de Os Exilados Românticos parece ser o desejo das personagens de se sentirem vivas, e também os espectadores se sentem vivos quando vêem este filme, que é bom em qualquer época do ano, mas particularmente adequado ao Verão.